O sentido da palavra
Nulla die sine linea
Textos

Na ralé

Tantas riquezas descaminhadas

Em colossal calabouço

De cães que não largam o osso

Enquanto não extraem e destroem

Da natureza os valores

Mais importantes e profundos.

São gente de todo poço

Doutores, padres e bandidos

Oficiais da ralé

Pastores de todos os gados.

Assassino cruéis e tarados

Onipotentes e onipresentes

Onidementes inconsequentes

Uma verdade portanto

Por tantas pessoas distintas

Gente que carrega nas tintas

Da hipocrisia barata

Da mentira deslavada

Da maldade crua e nua

Híbrido de céu com inferno

Sinuosa e escorregadia

Cobras criadas em palácios

Ratos crescidos em porões

Irmandade de ladrões

Dão com uma mão

Tiram com a outra.

Destroem as florestas

Transformam as matas em desertos

E se sentem os mais espertos

Tocam fogo na caatinga

Incendeiam o pantanal

Mercurizam os rios e riachos

As lagoas, lagos e nascentes

Bando de ignotos inteligentes

Para enriquecer com o crime

E nao ser preso jamais.

E como riem esses filhos

De messalinas meretrizes

Da horda de famintos infelizes

Que sofrem tudo contentes

Sorrindo com as bocas sem dentes

Dando graças ao bom Deus

Um ser supremo e ateu

Que deixa os outros sofrerem

Pois se a miséria, a fome, a discórdia, a guerra

E a morte existem

É porque ele em seu poder permite

Pois o sofrimento é a chave da penitência da fé

E o bando de salafrários riem tanto

Dos salários de quem trabalha

Para  o pão comer no dia

Com a dor do esforço desmedido

Da escravidão descabida, do suor

Ardido e fedido

Na podridão da agonia.

 

 

Edmar Claudio
Enviado por Edmar Claudio em 20/02/2025
Alterado em 20/02/2025
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