Sabiá
Eu sabia!
Em frente à casa
Já existia
Um ninho de sabiás.
Era um movimento sem trégua
Um corre-corre lascado
Que me levou encolhido
A espionar escondido
O que faziam por lá
No ipê-de-estudante
No galho mais distante
Percebi sendo discreto
A sabiá que me olhava
Aconchegada em seu ninho
Em seu mundo passarinho
Mil passarinhos a voar...
E num dia, de repente
Dos ovos que lá guardava
Surgiu um filhote no pelo
Friorento, esfomiado
Que fez sua vida mudar.
O sabiá decidido
Levava a comida no bico
E entregava de pronto
A cada tempos em tempos
Uma quantia de vermes
Àquela sofrida ave
Que de repente os punha
Naquela farta bocarra
Que quase empanturrava
Mas nunca os recusava
Pra poder se alimentar.
E todas as manhãs se ouvia
Num alto e belo cantar
Toda aquela alegria
Que nos chegava aos montes:
Triu-triu tirulio!
Triu-triu tirulá!
Nunca hei de me esquecer
E também de respeitar
Como é lindo a harmonia
De um casal de sabiás.